30 agosto 2015

“... E nas ruas estavam às luzes todas invertidas, como quando temos um sonho bom, onde as luzes parecem virar neblinas cristalinas. Porém, não sabemos se elas querem esconder algo ou tornar a cena num momento mágico e especial. Mas a vida, oh a vida! Ela me faz temer os sonhos. Temer que através de um sonho, uma nuvem negra venha escurecer o momento. Que venha me lembrar daquele passo desatento que me levou ao velho precipício sem fim, sem calor, sem esperança.

Mas não posso temer o sonho. Não posso fugir do pesadelo. Fugir do medo. Fingir invulnerabilidade. Deixar o coração trancado... no escuro, no espaço vazio da alma. Não posso esperar a certeza de não ser ferido. Quem a aguarda, vive em sua própria espera, em seu próprio vazio.

Não há, não haverá quem não seja ferido um dia, mais de uma vez. E não há, nem haverá quem não seja curado e quem não se cure. ”


Alice Rachel
2015

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