23 fevereiro 2011

Queimar e apagar


Eu não entendo isso.
Eu peço ao meu coração
um pouco de ódio,
e o que ele me dá,
bem, eu não sei dizer o que é.

Eu só gostaria de ter
sangue frio o suficiente
para queimar
minha própria alma.
Mas é tão difícil.

Eu não entendo,
eu peço um pouco de ódio,
um pouco de sangue frio,
mas alguém roubou isso de mim.
Será melhor assim?

Eu queria ter o sangue frio.
Sangue frio o suficiente
para ver as pessoas se queimarem,
e não ligar...
Mas eu não sei, me perco.

Entre um pensamento e outro.
Entre um tapa e um soco.
Entre uma queda,
e um levantar.
Vivendo no recear...

Receio, sim.
Receio uma volta,
um retorno ao lugar em chamas.
(Deixe queimar)
Sim, queimar as lembranças,
e com elas, seus donos.

Por que não irmos todos ao fogo?
(Queimar e apagar)
Pois um dia, não se preocupem,
não mais haverá
fogo sob as cinzas.

( Deixe queimar,
deixe apagar,
e um dia, não mais haverá
fogo sob as cinzas.)


Alice Rachel

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